terça-feira, 8 de abril de 2003

:FLÁVIA E JULIA NO RIO:


Eu estava tomando um banho The Flash e ouvindo essas palavras - "Meu amor, não vai pro Rio hoje. É muito perigoso. Se você me ama do fundo do seu coração fica aqui com a vó."

Minha vó não deixou eu descer para o Rio. Só para você se situar no mapa, eu e a Ju estavamos na casa da minha vó que fica em cima de uma montanha láááá em Nova Friburgo-RJ. (Lugar perfeito para quem gosta de comer e dormir, o que não é meu caso). A passagem para o Rio era muito barata e ficar na chácara era o fim. Assim que minha vó terminou o discurso chantagem 100% eu corri agilizar a fuga para a manhã seguinte.

Estava tudo certo, meu tio nos levaria até a rodoviaria às 7:30h. Estavamos eu e Julia às 7:20h no portão da garagem do meu tio. Um silêncio mortal dominou a cena. Meu tio havia nos deixado. Fomos andando pela estrada de chão que havia sido ensopada na noite anterior. Tudo bem. Chegamos à rodovia e ficamos uns 30 min esperando um ônibus. Podia ser qualquer um. Depois de uma viagem de quase uma hora eu e Ju desembarcamos na rodoviaria de NF. Compramos as passagens e já estavamos com nosso dinheiro contado, pois voltariamos à NF e iriamos para São Paulo no outro dia de madrugada.

Descemos a serra felizes mas cansadas. Parecia que estavamos forçando alguma coisa. Assim que chegamos no Rio fomos direto a bancada que dava informações para turistas. Eu com uma mochila gigante nas costas e a Ju de bolsinha. Pegamos um guia cada uma. "De onde vocês são?" Felizes com o livrinho corremos atrás de um ônibus que nos levaria ao Leblon onde teriamos que achar um restaurante vegetariano. Muito legal, estava tudo dando certo.

No caminho vimos o Jardim Botânico. Descemos do ônibus correndo e fomos entrando de mansinho, na esperança de não pagar a entrada. Não deu certo. O guarda olhou direto pra mim. "Vocês não são daqui?" Conversamos com ele e entramos as duas com um único ingresso. Tiramos muitas fotos. Estava feliz, respirando aliviada como se aquele dia prometece. Depois de muito andar e muito ver resolvemos comer.

"Onde será que fica essa rua?" Visconde de Bernadote. Que nome horrível e para a nossa tristeza a palavra "Berrrrrrrnadote" é difícil de se falar. A gente é paranaense e rendemos muitas risadas a quem nos dava informação. Seguimos um muro enorme e depois de quase um quilometro percorrido achamos o restaurante que não poderia ser mais escondido. "Vegetariano Social Club. Que bonito nome, né? Que bonitinho aqui!" Tudo uma gracinha. Colorido, poucas mesas e poucas pessoas. Fizemos o pedido com medo. A gente sentiu que o preço era estranho. O prato veio. "Que gostoso, né Ju?" Nem um comentário otimista faria a Julia desfranzir a testa. A gente se fudeu! Comemos um pratinho de nada e pagamos com nosso sangue. Não vou comentar sobre o suco (que era uma minharia). Levamos cada uma um guardanapo de lembrança.

"Foda-se, né Ju?" Não adiantava. O clima estava horrível. A Julia estava puta e eu queria soltar um grito de raiva. Eu não sei mas só conseguia rir. Nosso dinheiro se foi em um restaurante chiquão que serve porções minúsculas e deliciosas. "Já era!" Se a Ju ficasse com aquela cara o meu dia seria um inferno. Compramos um novo filme.

"Vamos para o Pão de Açucar!" Fomos felizes já pensando nas fotos que iriamos tirar. Depois de um chá de ônibus descemos próximo ao Pão. "Que bonito, né Ju?" Subimos as escadas correndo e fomos procurar o preço. "Que? Vinte e ...?" Custava R$ 25,00. Não é tão caro, mas agente estava sem grana. Tiramos uma foto de baixo e passamos pela prainha cheia de bitucas que tem ali do lado. Tiramos foto com um canhão. "Vamos no Cristo!" Antes ligamos para o Caio. Ele disse que o passeio no Cristo era caro também. Não tinhamos mais tempo para praia também.

Fomos parar no Shopping RioSul. Andamos, andamos e andamos. Comprei uma lembrança para minha mãe. Entramos em uma loja legal, U2 era o nome dela. A Ju tomou sorvete. Andamos e ligamos para o Caio novamente. Ele foi nos buscar para levar à rodoviaria. Antes disso conseguimos falar com o Rafael Marquee, mas não tinhamos mais tempo para vê-lo. A gente precisava voltar para NF naquele mesmo dia porque já de manhã meu pai nos levaria para SP. Eu estava com pressa.

Caio, sardinhas no rosto, uma garrafa de água e nervoso sem nenhum cigarro (sentado no meio fio). Lindo! Nos levou para a rodoviaria. Compramos nossas passagens e teriamos que esperar uma hora e pouco. Foi o melhor momento. Depois de comermos porcaria, darmos muita risada e quase ser obrigada a dançar uma dança ridícula do passarinho manco, a hora de dizer tchau chegou. O Caio para um lado, eu e a Ju para o outro. Nem queria olhar muito para não chorar.

Descemos uma rampona e procuramos nosso ônibus. "Moço, cade o ônibus deste horário?" O ônibus havia saído 15 min antes. "E AGORA? SEM GRANA E PERDEMOS O ÔNIBUS!!!" Subimos a rampa correndo e fomos quase chorando falar com o moço da 1001. A gente nem fez muito esforço pois a nossa cara de desespero convencia qualquer um. "Vocês não são daqui, né?" Ele trocou nossas passagens e fomos esperar o ônibus novamente. Ficamos sentadas na chon e encostadas na grade esperando o ônibus que nunca poderiamos perder. Silêncio.

Já no ônibus - "Puta merda! Que frio!" Eu ainda não entendi o motivo do ar estar ligado naquele dia. O pior é que a gente pagou R$ 1,00 a mais por isso. Subimos a serra. A Julia do meu lado parecia uma perereca na frigideira embrulhada num trapo. Qualquer um poderia me confundir com uma galinha congelada. Dormi. Acordei e os vidros do ônibus estavam muito embassados. Eu tinha que parar perto da chácara da minha vó e não conseguia ver nada lá fora. Já passava das 23:40h e não havia mais ônibus da rodoviaria para a chácara. Para a minha maior infelicidade paramos na rodoviaria, pegamos um ônibus pro centro de Friburgo e ... por lá ficamos.

Falamos com o taxista mas a passagem era muito cara. Eram R$40,00 até a casa da minha vó. "Vocês são de São Paulo?" Nossa que merda. A gente precisava estar até às 3h na minha vó otherwise não iriamos para SP. Eu sentia que nada mais daria certo na minha vida depois daquele dia e resolvemos pegar o taxi. Ele nos levou até um posto de gasolina. Andamos novamente aquele caminho cheio de barro, mas desta vez no escuro. A Julia estava puta. Eu conseguia dar risada ainda.

Chegamos na casa da minha vó que naquela altura parecia um paraiso! Pulamos a janela, e lá estava meu irmão Rodrigo dormindo. Parecia um anjinho. Eu e a Julia = dois mulambos. Deixamos nossas coisas prontas para ir para São Paulo e dormimos.

Você me responde - Eu e a Julia fomos para São Paulo?

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